terça-feira, 13 de outubro de 2015

Reflexão com iluminura sobre o Amor

Estou sentado num café, o "Sol Brasil", em Santa Apolónia, à espera do combóio, ou melhor, o combóio é que espera por mim, ou melhor, não, não esperará, partirá às 11:30, quer eu esteja ou não a bordo. Mas estarei. Já tenho bilhete. São agora 11:15. Encontro-me no interior do referido estabelecimento, apreciando um folhado misto com alface, coisa que, inexplicavelmente, só existe em Lisboa. Acompanho a dita iguaria, evidentemente, com um "fino" de Sagres, coisa que, talvez menos inexplicavelmente, mas ainda assim muito inconvenientemente, também não se encontra ao norte, exceto em McDonalds.

A porta aberta do café é um ecrã, um postal ilustrado "alternativo". Contra a luz do Tejo, entre a proa de monstruoso cruzeiro turístico e outros objetos irrelevantes, destaca-se o grito dum grafiti improvável, aposto num vidrão: "O AMOR CEGA-NOS!"

Penso na minha amada, e em como num só dia sofremos e nos curámos dessa cegueira, e sobreviemos maiores, enormes, e com a própria visão muito melhorada. O amor que cega também cura, tudo é um processo, a superação duma crise exige uma força que fica e nos eleva.

São agora 11:20. Previdente, pago, saio, percorro as poucas dezenas de metros até a linha 3. O combóio parte puntualmente, comigo a bordo.

Lisboa, 13 outubro 2015

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